domingo, 2 de junho de 2013

Agressão contra mulheres no Facebook vira rotina

Centenas de manifestantes estão pedindo ações mais duras do Facebook contra posts que, segundo eles, inferiorizam as mulheres.
 Mais de 50 mil pessoas já tuitaram em  apoio à campanha FBRapen (FBEstupro, em tradução livre) e cerca de 5 mil  enviaram e-mails a empresas cujos anúncios aparecem junto do conteúdo  ofensivo.
 A campanha tem como alvo comentários  postados na rede social que retratam estupro e violência contra as  mulheres de forma positiva. O Facebook diz já ter removido diversos  exemplos.
 Uma petição online sobre o assunto também reuniu mais de 220 mil assinaturas.
 facebook violência mulher
 A campanha foi organizada por usuários  individuais e por 40 grupos de mulheres, incluindo o grupo americano  Mulheres, Ação e Mídia (WAM, na sigla em inglês) e o projeto britânico  Everyday Sexism (Sexismo Cotidiano, em tradução livre) – uma conta de  Twitter que encoraja mulheres a compartilharem situações em que  perceberam sexismo.
 Em uma carta aberta à gigante das redes  sociais, os grupos exigiram “ações rápidas, abrangentes e eficientes em  relação à representação de estupro e violência doméstica no Facebook” e  dizem ter pedido aos usuários do site para entrar em contato com  empresas cujos anúncios aparecem nas páginas denunciadas.
 Sky, American Express e os produtos de beleza Dove estão entre as marcas afetadas.
 A carta também lista exemplos do  material que os manifestantes consideram “inaceitável”, o que inclui  grupos de Facebook com títulos como “É por isso que indianas são  estupradas” e posts individuais com imagens de mulheres vítimas de  abuso.
 Uma imagem, por exemplo, mostra uma mulher deitada no chão no pé de uma escadaria com a frase “Da próxima vez, não engravide”.
 Alvo
 Em um comunicado, a marca Dove, da empresa Unilever, disse estar “extremamente perturbada” pelas imagens.
“A Dove leva esse assunto muito a sério e  não aprova nenhuma atividade que insulta intencionalmente nenhum tipo de  público”, disse a diretora global de comunicações do grupo, Stacie  Bright.
 “Estamos trabalhando para refinar nossas  palavras-chave (que determinam a inserção de anúncios) caso outras  páginas como essa sejam criadas. Os anúncios no Facebook miram nos  interesses das pessoas, não nas páginas. Nós não escolhemos em que local  nossos anúncios aparecem.”
 Tanto Bright quando o porta-voz do Facebook disseram que os exemplos mencionados na carta foram retirados do site.
 “Não há lugar no Facebook para discursos  de ódio ou conteúdo que é ameaçador ou incita violência, e não iremos  tolerar materiais considerados genuinamente ou diretamente nocivos”,  disse o Facebook em um comunicado.
 “Tentamos reagir rapidamente para remover a linguagem e as imagens denunciadas que violam nossos termos.
 Também queremos tornar fácil para as  pessoas denunciar conteúdo questionável usando links localizados no  site.”, acrescentou a rede social.
 A empresa disse, no entanto, que nem  todo o material que os usuários podem considerar “vulgar ou de mau  gosto” viola, na prática, as regras.
 Frustração
 Laura Bates, fundadora do projeto  Everyday Sexism, que a campanha nasceu da “completa frustração” de um  grande número de mulheres que aderiu à iniciativa para reclamar sobre o  material.
 “Obviamente é difícil moderar uma  plataforma de 1 bilhão de usuários, mas isso está afetando as mulheres  de maneira desproporcional”, disse.
 “O Facebook age em assuntos como  antissemitismo e já foi elogiado por isso, mas quando eles veem imagens  de mulheres sendo estupradas, não consideram que isso é um tipo de  discurso de ódio. Muitas mulheres estão dizendo que isso as impede de  usar o Facebook.”
 O site de rede social já foi criticado  por remover imagens de mulheres amamentando seus bebês e mostrando o  corpo após realizar mastectomias, segundo Bates.
 “Não acho que você pode usar a cortina  de fumaça da liberdade de expressão quando tira outras imagens que  geralmente são de corpos femininos”, afirmou.
 Ela disse ainda que os grupos e o  Facebook estavam “em contato” e que ambos esperavam por uma resolução  imediata para o problema.
 BBC Brasil

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